Vale lembrar o perfil de lutador, destreza e bravura presente nos negros, além do caráter fraterno e hospitaleiro, talvez uma herança dos antepassados que batalharam até a morte, sem nunca desistir da vida. Tive o privilégio de visitar durante meu estudo de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) uma família de quilombolas, que me recebeu carinhosamente em seu recanto simples e humilde, na minha “terrinha vermelha”, o Paraná, nos cafundós de São Miguel do Iguaçu, o que gerou num documentário, intitulado: Nos Cafundós da Liberdade.
Teaser do primeiro documentario sobre a colonização negra da região Oeste do Paraná.
África - um país de extrema pobreza e com marcas dolorosas por séculos de torturas, como se fossem estigmas cravados no mais profundo sentimento, resultado do Apartheid e principalmente martírios cometidos até mesmo pelos brancos (portugueses, ingleses e britânicos), o que infelizmente não se fez entender na abordagem do assunto das escolas de samba. No momento, o que parece na divulgação das mídias sobre a Copa, é que tenha se passado uma borracha neste passado, dando espaço para considerar como uma nação bonita, abrigando milhares de pessoas de todo o mundo sem a menor estrutura, que agora os estrangeiros ‘claros’ abraçam qualquer “banguelo de pé sujo, sem chinelo, de pele escura”, coisa jamais imaginava se fazer nas favelas do Brasil.
Está certo que Carnaval é alegria, “fuzuê”, “azaração”, sem nenhum respaldo, porém a meu entender essa festa brasileira só tende a piorar sua imagem país afora pela conotação ligada a sexo, drogas e folia, o que na verdade como em muitas culturas populares, poderia ser explorada como uma festa folclórica e cultural.
Embora a família Correia, Quilombo de São Miguel do Iguaçu, não tenha sentido na pele as demonstrações de desprezo por parte da raça considerada como maioral, quando recordado as histórias dos seus antecedentes causa muita dor, pois o passado é sim um tempo atual, por ficar na memória e ser o empurrão para o futuro. Mas o povo negro, alguns é claro, não guardam mágoa nem rancor com as injustiças cometidas, desse modo, ações afirmativas como as cotas são para muitos indícios de discriminação entre etnias, pois não compreendem esta regalia, no entanto, caso estes negros fossem judeus, a história seria outra, porque este último povo não deixa por menos, se juntam, criam regras rígidas de comportamento e relacionamento, como se cada aflição dos seus avôs estivessem afloradas na sua pele.
Obrigados a virem nos navios, os negros trouxeram muitas benfeitorias para a formação brasileira. Causamos sua morte e lhe demos muitas surras e em troca, nos ensinaram suas graças e deram sabor novo a nossos costumes.
.jpg)

Nenhum comentário:
Postar um comentário